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Mostrando postagens de março, 2008

Se

Não deveria esperar pelo sol nem pela chuva de amanhã, Nem me preocupar se o dia será bom ou ruim, Ou se será como imaginei, Não deveria jogar a bola com tanta força para o outro lado do muro, porque corro o risco de não encontra-la jamais. Se olhar para trás, sei o que irei ver, Se olhar ao redor, vejo o que ficou e imagino o que vem além do horizonte, Se olhar para o espaço onde estou, insisto em pensar nos passos que dei e naqueles que quero dar. Se ficar onde estou começo a esperar, Se voltar para onde estava me vem a esperança de poder modificar os quadros tristes e reviver os mais felizes. Jogo a bola para o alto, sei que irá cair mais rápido do que esperava. Mera ilusão ter a bola em minhas mãos. Chuto a bola para frente, mas não corro para ver onde vai dar. A partir daí, apenas a certeza de que não adianta esperar ela voltar, pois sou eu quem deve ir buscá-la.

Poema escrito para um homem chamado Joseph Merrick

Enfim, construíra seu castelo encantado, Sua igreja matriz, Vivera seu sonho distante, Sonhara milhões de sonhos mais, Tornara-se um homem comum, Recebera seus cumprimentos, Fora admirado, Sentira-se grato, Vira-se nos olhos daqueles que o observavam com curiosidade, Divertiram-se com sua imagem, ao passo de seu sofrimento, Ainda assim, enxergara comovente beleza nos rostos que dele zombavam, Seres celestes, senhores da vida, legitimados na perfeição, Fizeram-lhe monstro, animal, bárbaro anômalo, Fizeram-lhe marcas, dor e medo, Quando, na verdade, era um anjo de medonha aparência, Um corpo perdido no caos, Ser transcendente, metafísico. Era nobre. Era apenas um homem. Queria sê-lo e o era. Temia o mundo que lhe ofereciam, Numa esfera abaixo da humanidade, Para tanto, engendrou projetos quiméricos, Levou-os às ultimas conseqüências. - Sou um ser humano! – implorava a Deus que fosse verdade. Fora um espelho quebrado, que refletiu a imagem e semelhança disforme d

Pecado do amor

Vamos nos encontrar no cais de um navio prestes a afundar, ali me beijes irradiando certa dúvida, pois só assim lhe verei por dentro. Se a noite for duradoura prometo lhe dizer palavras suaves até você dormir e quando isto ocorrer tomarei em uma taça fina de cristal, meu veneno favorito. Em goles dolorosos a cicuta desce, marcando toda minha passagem por este mundo. Quando acordares estarei a iluminar, como os raios do sol, sua face agora desamparada sem minha presença carnal. Não me julgues, pois ao teu lado meu corpo não mais acordou. Saibas que lhe devo o mundo e este lhe darei, repleto do amor que jamais pude conceber em vida.

Pensamento

Não se permita pensar em outro que não este pensamento Pensamento este que se estampa entre vários outros Emana em infinidade Como peças que se sobrepõe Como círculos circunscritos em si mesmos Rudimentos artísticos de labor mental Incógnitas de uma expressão algébrica Deixe que seja Assim nasce na alma e deságua no corpo.