Muito bebi da racionalidade Mas não adianta, de todo não sou racional Argumentos bem elaborados, pautados em exímias teorias Por certo não me convencem, resvalam em orgulho cético Por pouco ocupam espaço no vácuo no qual sufocam e gritam em desespero Eu por inteira não sou racional, Meus atos, convicções em muito são passionais, sazonais, impulsos irracionais Elevações, depressões, erosões em terreno arenoso, pedregoso Não sou equação, sou inequação, Desigualdade insatisfeita, Valores de parâmetros indeterminados, Incógnitas irresolutas, Inconcluso “objeto” Expressão fiel da natureza A quem não se pode convencer A quem não se atribuem verdades Sorvendo-me Transbordando Tragada num único gole Expelida em uma só onda Coração a bombear Oração sempiterna Que não teve princípio nem há-de ter fim