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Mostrando postagens de agosto, 2009

Sorvendo-me

Muito bebi da racionalidade Mas não adianta, de todo não sou racional Argumentos bem elaborados, pautados em exímias teorias Por certo não me convencem, resvalam em orgulho cético Por pouco ocupam espaço no vácuo no qual sufocam e gritam em desespero Eu por inteira não sou racional, Meus atos, convicções em muito são passionais, sazonais, impulsos irracionais Elevações, depressões, erosões em terreno arenoso, pedregoso Não sou equação, sou inequação, Desigualdade insatisfeita, Valores de parâmetros indeterminados, Incógnitas irresolutas, Inconcluso “objeto” Expressão fiel da natureza A quem não se pode convencer A quem não se atribuem verdades Sorvendo-me Transbordando Tragada num único gole Expelida em uma só onda Coração a bombear Oração sempiterna Que não teve princípio nem há-de ter fim

Tear

Num tear estúpido das idéias Imaginação que se desvanece Feito fumaça, chuva de verão Arrabalde de um povoado insano Livres dos dispositivos frívolos da razão Forjando utopias Prometíamos, prometíamos... Tudo no futuro E agora que o futuro chegou? Restou-nos o passado? Planejávamos paixões Desejos fluidos jorravam feito cataratas violentas, inclementes. Planávamos leve entre as montanhas Deslizávamos num caminho desenhado entre os espinhos Num roseiral perfumado e dolorido, herdado dos antepassados Queridos já passados Antigas embarcações Em coro a decantar Agora, que sou eu Símplice individual Quem pergunta ao espelho E? Ascende um suspiro do passado Para lembrar-me de quem fui Agora que já nem mais sabia dizer Quem para o espelho mirava

O Hidrante

Um hidrante quebra na esquina a lacrimejar emoção alheia Uma porção de fio d’água que se atira do parafuso Parece frio desviar-se a esquerda privando-se do “objeto” Ninguém irá agachar-se a atarraxar o parafuso Analisar a dureza já gasta o cansaço abatido Plantado na calçada arrebentada Um estorvo para os apressados Sapatos inquietos de lá para cá De cá para lá toc toc toc Formigas maçarocas Os olhos bolas de gude de lá para cá de cá para lá feito sapatos apressados Ora, vamos lá Para que serve um hidrante? Como definir um hidrante? Que função utilidade teria o hidrante na esquina desta vida? São tantos hidrantes plantados na calçada Os hidrantes não estão a vista dos pensamentos São dois daqui à esquina seguinte, três de lá à rua seguinte São tantos que nem vejo quantos Hidrantes no nível da rua Emergência ambulante Como que brotando das calçadas Sangram a se esgotar pelo o ralo Deitado em esquecimento Vou-me embora Olho para trás Lá está ele Fica o hidrante na rua Selado na eternida