Não me procurem nos albuns Nas fotos em grupo Nem em perfis perfeitos de pose. Não estarei lá a te olhar Aquele gelo pedrado no olhar Que sorri para você ai do outro lado Estes olhos que nos olham perscrutando A procura de nada No rosto um fio parado no papel luminoso da foto, um sorriso Um atestado, um aval De que a felicidade passou por você Beijou-te, fez-te sorrir Um abraço, um afago querido Um lembrar, um querer Destes que só as fotos têm Uma assinatura, um selo meu de que estive aqui De que passei por aqui e quando passei não estive sozinha As fotos provam, comprovam que eu existi Mas não me procure nas fotos Pedaços de papel Telas de computador Não estou lá, nunca estive Quem dera pudesse viver num pedaço de papel Ou em um arquivo de computador Assim, numa eterna ilusão, parada no tempo, isolada no espaço Mas não nessa passageira ilusão, acelerada no tempo, deslocada no espaço Perdida no compasso desacertado da vida.