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Mostrando postagens de setembro, 2011

Num mundo memória

Durmo e acordo tateando no escuro Num mundo de memórias, apagado e chateado Brumas cinzentas dos vestígios passados Um suspiro que morre no peito. Coração fraco e enterrado, soterrado de ilusões Desculpe-me a dureza e o peso de meus sentimentos A escureza de onde falo, a frieza dessa vida. Peço compreensão, ainda que não carregue o fardo de sentimentos tão tolos e inúteis. Como se preciso fosse pedir, já sabes... Me espere, sei que espera, me espera com paciência infinita e um dia hei de chegar e tocar sua mão. Por vezes vem e me abraça, quando me estendo até os limites do possível e eis um abraço... Abraço daqueles que fazem calar tudo ao redor e então deixo de ser apenas eu e sou então... Num mundo despedaçado e miserável como esse não nos resta nada além de memórias, como verdades absolutas, vontades resolutas. Aqui acessamos o amor, pequeno pedaço de amor, por meio da memória guardada, prisão do passado, então deixe-me transmitir um pouco, quase n

Me perguntaram quem sou, eu disse ninguém

No cais pousa uma alma noturna, eterna e diminuta frente aos dramas nos quais a mente mantem-se embebida. Uma consciência há milênios adormecida. Bêbada de ilusão. Atormentada de vícios. Confusa frente a grandeza superficial dos problemas que assolam incessantemente a vida humana. Quão ordinário é o homem que nós somos, de pé no cais. Um corpo movediço e mortiço, pendendo para cá e para lá, como um barco a deriva. Erguia ao redor uma tempestade macabra, trovões malfeitores, ventos fora da lei. A lei da vida e do universo de nada vale neste mundo de enganos. O mar estoura nervoso na praia dos atordoados. Nos braços carrega o medo, um medo primitivo, resgatado de eras remotas. Medo que constantemente se renova sobre novas faces, que se atualiza sempre e sempre em seu e nossos corações. Não é a noite nem o mar, e sim ele quem teme o desconhecido que somente nele e em nós habita e interminavelmente dura alimentado, mais e mais, na medida em que depara-s

Templo do infinito

Se eu me calar para ouvir o som O som que vibra de dentro De dentro do meu coração Não de um órgão, de sangue e carne De um lugar sutil, quase imperceptível a olhos desatentos Um lugar e som só meu Não há início de um lugar nem fim de um som, Sem que haja um no outro, confundindo-se em um só Só então comecei a entender verdadeiramente o jargão daqueles que se voltam um pouco mais para a espiritualidade: “Meu corpo, meu templo”. Volto os olhos para dentro de um templo infinito, ilimitado e destemido E nada posso ver além da verdade desconhecida, Sinto então minha alma se expandir para todos os lugares de uma só vez Cresço tanto que nem sei o quanto, perdendo aos poucos a dimensão do meu tamanho, sigo viajando na infinitude de meu ser e não há lugar onde queira estar além de em mim mesma Vou me achegando aos poucos a um universo jamais imaginado e então meu templo inunda-se de sensações milhares Sigo eternamente levantando voo em meio a pousos varia